terça-feira, 30 de dezembro de 2008

E mais um ano se finda...

Geralmente no final do ano, começo a tecer expectativas para o ano seguinte, a principal preocupação começa a ser os “fazeres” para o Ano ainda a acontecer; é quase que uma fuga do Ano indo embora.

Alias o ano que está acabando, vai embora para onde mesmo?

Esta vontade de projetar o novo, esquecendo ou ultrapassando o antigo e velho Ano que passou, é uma constante em todos os anos que já vi iniciar, observo esta necessidade de quase superação na maioria das pessoas que conheço e observo.

Interessante é que há vários Anos Novos e vários Anos Velhos se sucedendo, dentro dos nossos calendários humanos...

Hoje almoçando uma chinesa disse que o seu Ano somente acontecerá em fevereiro e há mais de 4 mil anos idos...Outras culturas celebram em outras datas o denominado “Ano Novo”.

São “margens de tempo”, contenções de minutos, dias e meses, talvez para dar um sentido, ou melhor, uma noção de seqüência na existência humana, encontrada à deriva, com necessidades de início, meio e fim, se não houvesse estas marcas temporais, delimitando espaços e seqüências na vida cotidiana, o que aconteceria?

Haveríamos de realizar e projetar um pouco mais ou um pouco menos, caso não houvesse esta marca denominada de Fim de Ano e outra denominada de Inicio de Ano?

Se a vida cotidiana não tivesse estes ritos de passagens anuais, onde pensamos em fim e inicio, em término e recomeço, seriamos mais ou menos felizes?

Interessante a sensação que tenho deste Ano não “quer” findar; dei uma “estacionada” nos afazeres; parei algumas coisas que fazia regularmente, visitei a família no Natal, dei presentes e ganhei presentes, enfim fiz o tal “ritual natalino”, até de “amigo oculto” participei, rsrsrs

E cadê a tal sensação de “Final de Ano”?

Ela ainda não chegou, e olha que há novidades no “front”, houve mudanças no tal do chamado “final de ano” até mesmo no lar, um quarto ficou vazio, vamos ter que re-ocupá-lo, minha mãe teve alta de sua internação de dois anos lá em casa, voltou a morar com a filha, neta e bisnetos.

Nas minhas ocupações profissionais as situações se avolumam, cada vez mais enriquecedoras, laboriosas, envolventes e, por que não dizer, sugantes.

Nas minhas ocupações sociais os envolvimentos têm sido múltiplos, revigorantes, bilaterais, prazerosos e com resultados positivos para todos os lados, embora o meu “sócio na vida” me avise sempre que estes continuam não rendendo ($) absolutamente “nadica de nada”...

Geralmente sorrio, esbravejo de vez em guando, mas parece que ele já se acostumou a isto, reclama menos a cada dia, mas evito abusar....rsrsr

Neste momento mantenho tudo parado, estancado, quieto, afinal é um momento de transição entre um Ano que se finda e outro Ano que se inicia, mas cadê esta sensação dentro de MIM?

Amanhã se ela não aparecer, não sei o que vou fazer, pois amanhã acabam os dias de 2008 e iniciam os de 2009; o ano de 2008 ainda não está maduro, ainda não foi colhido, ainda não mereceu ou quis terminar.

Estou pensando em dar – Bem Vindo 2009!

Aviso 2008 ainda não foi embora completamente de mim, mas pode entrar, fique a vontade, apenas peço respeito aos espaços ainda ocupados pelo Ano que insiste em não terminar dentro de mim.

Das duas uma ou eu vou cansar de 2008, ou, ele vai se cansar de não acabar e acabará indo embora, até lá vamos conviver, o passado e o futuro, com pedaços de presente a cada minuto entrando em nossa convivência.

Fiquemos bem...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Stonewall 2

Stonewall 2


Decisões adotadas na Florida, no Arizona, no Arkansas e, Califórnia principalmente, com aprovação da Proposition 8 que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo indica um quadro de ameaças e retrocesso das liberdades civis que não é novo, mesmo em sociedades que primam pelo estado de direito.

Os protestos que se avolumaram conseguindo organizar milhares de pessoas indicam disposição de luta por direitos que também não é nova, mesmo em sociedades onde a liberdade de expressão é reprimida, seja em nome de quem for.

É a velha máxima: para conquistar a paz que é fim em si mesmo, lute como um meio de consegui-la, afinal através de lutas a humanidade foi conquistando direitos básicos, arrancadas daqueles que se opunham.

Somente a resistência dos interesses é que pôde justificar o vigor das mudanças conquistadas e que sobrevivem por tempos, para mante-los com firmeza ou será perdido.


O direito em seu sentido objetivo é classificado como um conjunto de normas jurídicas vigentes, criadas e aplicadas pelo Estado à sociedade. Já o direito, do seu ponto de vista subjetivo, é uma característica inerente ou adquirida pelo indivíduo.


Iherinhg destacou a importância do direito na defesa da vida dos povos, do Estado, dos indivíduos e das classes, pois considerava que sua finalidade era a paz que se conquista lutando, onde o homem encontra o direito, o qual é força viva.

Somente aqueles que têm suas vidas plenamente reguladas podem dar-se o luxo de estarem tranqüilos e em paz.

Os últimos eventos ocorrido, que culminaram na aprovação da Proposition 8, revelam antes de tudo que conquista da paz somente será possível se a inércia pessoal não representar o naufrágio do direito de todos.

fonte: A Luta Pelo Direito - Rudolf Von Ihering

Luiz Mario Alexandre

domingo, 5 de outubro de 2008

Hoje já é um novo dia....

Mudamos todos os dias, em alguns deles damos saltos.....

Cheguei aos 47, me sentindo mais consciente e meio crescidinho; pensava eu que nesta idade, seria consolidar o que já tinha, quem sabe agregar mais alguma coisa aqui e ali; continuar buscando satisfação na pratica já cotidiana e talvez, mas talvez mesmo, pensar em ousar alguma coisa fora dali, algo que não fosse nada muito distante ou desgastante.

E assim se foram passando os dias nesta linda idade, cada um trazia uma novidade, algumas eram conhecidas, mas vinham com outra roupagem e as recebia com o mesmo entusiasmo dispensadas àquelas nunca dantes vistas...

De repente, houve um pequeno estremecimento, uma leve vontade, um pensamento meio tolo, meio torto, meio atravessado na linha continua daqueles a que estava me acostumando e esperados dos dias que viriam na bela idade em que me encontrava...

Havia no meio do caminho (não, não era uma pedra...) uma eleição, um Partido novo, uma discussão ainda incipiente sobre assuntos que me diziam respeito.

Olhei para os lados e fiquei a me perguntar, por que não? Seria um fato novo, algo a fazer para alem do que já fazia, possivelmente me traria algum prazer, com certeza nenhum dissabor.

Comecei a falar sobre o assunto – eleição - falei com um... falei com outro, o último a quem falei é com a pessoa que falo todo dia, engraçado acabou sendo “o último a saber”....

Bem estava decidido iria ser “candidato”, mas o que era exatamente isto? Ainda não sabia direito; sabia o que queria, sabia porque queria, sabia até um pouco o que algumas pessoas que toparam apoiar de imediato queriam, no entanto saber o que era ser candidato, só vivendo a experiência e, isto eu só iria descobrir depois de assumir o “papel”.

No início queriam alguns me fazer “o candidato”, queriam que eu abandonasse tudo que fazia para ser este “papel”; tive de me “afastar” em algumas atividades, a que mais senti foi a da CDHAJ da OAB/RJ, começaram a querer mais, neste momento comecei a entender e a crescer.

Foi no meio do caminho que descobri plenamente o que me havia feito entrar afoito e feliz nesta empreitada, em uma conversa, disse a um amigo, “eu estou com dificuldade, pois não sou um político”; ele me olhou, ficou de boca aberta por minutos, depois me disse justamente ao contrario do que eu acabara de dizer, perdi o “rebolado” na hora...

Percebi, numa fração de segundos, o que ainda não sabia/entendia integralmente, como as minhas ações profissionais e pessoais eram extremamente políticas como transformavam a realidade, minha e de outros, com o meu simples fazer cotidiano.

Puxa! Dei um salto no entendimento do que faço no cotidiano destes 47 anos; a percepção durou poucos segundos, da mesma forma como foram consumidos outros poucos para “ver“ o que era essencialmente o que me motivava.

Engraçado que alguns meses antes, tive um pequeno “rasgo” de entendimento, também conversando com uma pessoa conhecida, ele me fez a mesma afirmação, não consegui entender tudo o que aquela palavra queria dizer; fui entende-la depois.

De tudo se leva algo, em tudo se deixa algo, levo desta experiência um bocado de aprendizado, um melhor entendimento do que faço e do que me “move”, sem querer dei um “salto” e não caí, pulei para outro patamar de conhecimento;

O que importa neste momento e saber que não estamos disputando, estamos construindo e penso que construímos algo, seja lá o que for, vai exigir um distanciamento, um tempo para ver se cresce, se adquire volume, se toma corpo, se resiste às intempéries.

Mas com certeza está lá.

Penso que todos nós LGBTs, que concorremos nesta eleição, estamos a construir uma peguena viela, um rasgo de caminho, por onde passaremos nós todos, em direção e no rumo a outras conquistas e vitórias.

Digo com certeza que a experiência foi muito rica, pois tive que lidar com os meus limites e limitações, conhecê-los me levou a um amadurecimento, inclusive para perceber o que deixei de fazer, em decorrência das limitações que me impus.

O que era apenas para ser uma discussão interna, um "levantamento de bola" de um tema adormecido, se revelou uma potencialidade de fazeres, que não foram cumpridos, por falta de espaços, de conhecimentos e de práticas.

Importante é perceber que o apreendido, pode ser passado a outro e possivelmente será usado, por mim e pelo outro; o sonhado e realizado, pode ser doado a outro e novamente sonhado, de novo e de novo, até se tornar sólido e concreto.

São simples caminhos, onde não há nenhum caminho a ser seguido, e como diz um filósofo, estes só se fazem caminhando; esta é a essência da política que desempenho..

Um caminhar onde não há caminhos, um trilhar onde ainda não há trilhas definidas...

Aos LGBTs que colocaram seus nomes à disposição dos Partidos, aos que digitaram os seus nomes nas urnas, saibam que qualquer construção surge de uma simples pedra, somos ainda estas, mas o nosso sonho é o de uma construção grandiosa a CIDADANIA PLENA.

Descansem por esta noite, sorriam ao deitar, fizemos o que nos era exigido, tivemos o resultado do que é o nosso tempo e circunstância.
Amanhã voltemos ao trabalho, porque pelo visto ainda temos muito trabalho pela frente, nem pensem em parar; somos operários nesta construção diária, a ausência de qualquer um irá fazer falta.

Um enorme, solidário e fraterno abraços a todos


quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ontem eu perdi uma Amiga de Trabalho...

Enquanto escrevo um corpo está se deslocando para o que chamamos de enterro, Ele (o corpo) será colocado abaixo do solo, já não há mais vida nele para que permaneça entre nós acima da superfície do solo; já não anda, já não fala, já não mais reclama, perdeu sua essência, não lhe resta mais vida.

Desde ontem sei da noticia, Gardênia de Alencar Pamplona Albano não está mais entre nós, os vivos; partiu, seu destino é aquele que também nos está reservado, foi para um éter, ficou nos nossos pensamentos, pois com ela não podemos mais interagir, seja para concordar, discordar, rir, aborrecer, alegrar ou chatear.

Ontem fui me apercebendo da situação aos poucos, tive dificuldade em comunicar o falecimento; lido muito mal com a morte, com o finito, não porque dela tenho medo, a questão é que não a entendo; não consigo entender situação tão terminativa; não é um ir e vir, é somente ir e, a incerteza do para onde se vai, líquida qualquer possibilidade de estabelecimento de manutenção de uma relação de conformidade com o evento..

Definitivamente não gosto dela, não gosto quando ela chega, não gosto do que faz nas pessoas que ficam boquiabertas e espantadas com o finito que há no outro e nelas próprias, não gosto da sensação deste interromper abrupto e permanente que ela nos faz sentir.

Não gosto de enterros, não gosto de avisar falecimentos, é muito dolorido, dói no centro do meu peito, com uma pressão que só termina quando acabo de falar, mas que quando acaba se torna vazia, esvaziada, sem sentido...

Hoje quando chequei no escritório fui verificar o que deveria fazer na mesa de trabalho que ela mantinha conosco; já estava deixando o local, um pouco pelo cansaço, um pouco pelas escolhas que fez, um pouco porque estava se aproximando a sua hora de “nada fazer”, não se sentia mais envolvida com a rotina do dia-a-dia do Fórum, com as exigências dos clientes e das constantes pressões do trabalho.

Mas ainda havia trabalho, vi processos e os separei para devolver aos Cartórios; abri as gavetas dos arquivos e folheei algumas pastas, li seus dizeres, seus pedidos, os clientes que representou em processos antigos, já findos e resolvidos; percebi que sua existência deixa um rastro no mundo e na vida dos outros, suas palavras, seus pensamentos, estão registradas nas Ações que patrocinou, esta é a “marca” que deixa neste mundo – o seu atuar como advogada.

Fui a ela apresentado, nos idos de 1997, por um amigo em comum, estava procurando um lugar para iniciar a trabalhar como advogado era recém formado; aluguei uma vaga na sala onde ela trabalhava, a sala era pequena, meio confusa, mas a recepção foi dela foi muito boa.

Comecei a mudar uma coisa ali, outra ali, jogar fora um bando de coisas velhas (como ela reclamava disto, rsrsr), enfim fui ocupando os espaços, fazendo planos, sonhando com melhorias e aquisições, ela ria e me chamava de “maluco”, mas nunca me interrompia, não acho que acreditava plenamente no que eu dizia, no entanto não dizia que não iria acontecer, geralmente escutava e ria...

E assim nós fomos ficando juntos, cada qual com o seu fazer, utilizando cada qual do seu fazer para tentar melhorar o outro, desta forma ficamos próximos profissionalmente durante longos 11 anos.

Uma das coisas que mais me admirei e estimulou nesta relação, foi a aceitação e, o empenho com que ela tratava da questão LGBT, antes de conhecê-la já tinha várias clientes do segmento, me senti à vontade, tanto para assumir a minha orientação, quanto para atender as demandas dos meus clientes, pois ela era uma aliada.

Tinha um profundo respeito pelos(as) suas(os) clientes LGBTs, era perceptível que ela se envolvia nas demandas que patrocinava, não era um fazer descompromissado, não era uma relação comercial; não fazia apenas por dinheiros, fazia por que entendia que era justo, não apenas atendia, acolhia.

No transcurso de tempo em que passamos juntos, mudamos três vezes, sempre lhe dava a certeza da continuidade e garantia do seu espaço de trabalho; quem é advogado sabe o quanto é difícil manter um relacionamento profissional que resguarde a possibilidade da garantia do espaço de trabalho, notadamente quando se é a parte mais frágil da relação, sem sustos e sobressaltos.

Há alguns meses ela já estava saindo do escritório, aos poucos, com poucos clientes, bem mais ausente, gavetas quase vazias, era mais uma visita, que fazia de tempos em tempos...

Hoje, um dia depois do seu falecimento, tomei conhecimento de que esta relação acabou, me sinto meio entristecido.

Arrumando suas coisas encontrei um texto impresso da Editora Paulinas (poema 2) cujo título é “Pense em Mim”, as palavras são de consolo, dirigidas aos que ficam, escritas na primeira pessoa, no final da mensagem a afirmação “Eu estou em Paz”.

Espero que esteja, e se embora tenha de forma concerta manifestado por tantas vezes o meu agradecimento pelo seu acolhimento, ainda assim não tiver ele sido percebido, deixo aqui gravado o meu Muito Obrigado por ter lhe conhecido, ter podido contigo compartilhar por tantos anos os espaços profissionais, onde discutimos, concordamos, discordamos, enfim vivemos por tantos anos.

De ti guardo a lembrança de seus melhores momentos, esqueço-me daqueles nos quais não esteve bem; sou testemunha de sensações e sentimentos bons que você me proporcionou, se minhas palavras e pensamentos valerem onde se encontra pode usá-las para requerer um local especial para ficar desfrutando dos horizontes sem fim, iluminada por uma luz radiante, plena de tranqüilidade, sem medos, sem vergonhas, sem culpas, em PAZ.

Seu amigo de trabalho.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Escrevendo um pouco...

Puxa! Como faz tempo que não passo por aqui, para escrever algo, mesmo que sem nenhuma importância; alias que palavra terrível que acabei de pensar e escrever..

Importância, será que é este conceito que me cala, será que é por este conceito, abstrato, na maioria das vezes absolutamente inútil, que pouco escrevo?

Quantos significados têm esta palavra – IMPORTÂNCIA, são simbólicos, ocultos, não descritos, não aceitos, não assimilados, mas que em tantas e tantas ocasiões nos modelam, nos oprimem, nos tornam temerosos, quase que censurados.

Fui até um dicionário e encontrei alguns significados para esta palavrinha, no primeiro tomei um choque descobri que importância é uma qualidade de IMPORTANTE, como assim?

Lá fui eu de novo para o "pai dos burros", a fim de descobrir o que é importante acabei me por me deparar com o seguinte - Digno de apreço, de estima, de consideração; que tem grandes créditos, que exerce notável influência; que tem muito valor ou preço notável; útil, necessário.

Juro que quase chego a parar de digitar, encerrando este post...

Fiquei a me perguntar o que estou escrevendo tem algum apreço? Será levado em consideração, terá crédito, exercerá alguma influência? Será pelo menos útil, já que necessário não resolvi perguntar por ser óbvio demais a resposta negativa...

E se eu quiser apenas falar da "dor de barriga", da febre, da dor de cabeça que tive ontem, da vontade de não trabalhar hoje, do meu medo da dengue... Qual é a importância disto tudo?

Por que falar do meu sobressalto ao chegar em um caixa eletrônico, aqui perto de casa, e ao chegar na porta, perceber que ele estava queimado, com os fios internos expostos, com um cheiro de "fogo apagado"?

Como se pode ver o trivial que acontece em volta, e os efeitos que ele tem no "fundo" de cada um para lhe dar a importância que lhe é devida?

Talvez este seja o mistério de quem escreve, não está ligado na importância das coisas para o outro, não coloca o "olho" do outro no seu texto, antes que ele coloque no papel o que tem a dizer.

Se for "olhar" antes pode ser que não consiga escrever nada.

Lidamos, de forma consciente ou inconsciente, com estes significados da palavra importância de forma cotidiana, por vezes eles até nos fazem bem, no caso de ignoramos coisas que não são importantes e que nos fariam mal se nela nos debrucemos.

No entanto, por outro lado, como calamos, como consentimos, como nos emperramos, como podamos pensamentos, atitudes, atos por causa destes mesmos significados.

Talvez o melhor seja chegar a conclusão que nada é muito importante, e isto não é nada demais, a vida fica mais leve, a escrita mais suave, o pensamento mais solto, e se pode dizer bobagens à vontade...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Invisibilidade Legal

Já faz 18 anos o aparecimento da primeira legislação do mundo, aprovada na Dinamarca em junho de 1989, que passou a permitir a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Depôis veio legislação da Noruega, Suécia, Hungria, França, Holanda, Alemanha, Bélgica, Canadá, Argentina, alguns estados dos USA, Inglaterra e, México e Uruguai em 2007.

Nos Estados Unidos, o tema foi discutido e as decisões conflitantes entre as Cortes Supremas de alguns Estados geraram sentenças a favor e contra, expondo esta parcela da população a uma situação dúbia.

Resgatar a evolução histórica dessas legislações que passaram garantir cidadania plena aos LGTB’s em algumas nações do mundo traz para a memória dos não heterossexuais brasileiros, uma defasagem das garantias legais já conquistadas.

Não é difícil se sentir excluído quando não se pode contar com uma legislação que garanta o exercício da cidadania, sem que com isso se tenha que expor a toda sorte de analise e decisões que podem ou não ser favorável ou injusta, preconceituosa ou qualquer coisa que o valha.

As legislações estaduais ou municipais que podem eventualmente serem usadas para coibir abuso ou violência, se restringem à esfera circunscrita na competência territorial do estado ou município que a adotou.

Ainda que festejadas por conterem elementos que obrigam questionamentos da própria razão de ser, o judiciário brasileiro é ainda bastante refratário a algumas demandas, ostentando manifestações esdrúxulas e dissonantes com a evolução dos costumes e, da própria ciência, fazendo crer que a garantia de uma decisão que atenda o interesse da parte, será sempre uma aventura, ao gosto da decisão do Estado Juiz, inclusive contra o jurisdicionado, aquele a quem devia proteger.

Sabemos que não é tão fácil assim, mesmo ações individuais que possam ser consideradas altruísta, humanitárias, se submetida ao crivo dos tribunais brasileiros correm o risco de serem julgadas com base em critérios e elementos não condizentes com a moderna sociologia.

Para o jurisdicionado resta a esperança que um dia se possa ter essa garantia em lei e com ela questionar a ingerência daqueles que obrigam os LGTB’s a invisibilidade legal, a mais desonesta das injustiças.

Como me demoro para chegar até aqui... Quase esqueço do espaço.... Que dificuldade encontro para localizar os caminhos. Penso muito, fal...